Até quando a economia vai aguentar desaforo da política?
A crise política, que pode ganhar novos capítulos nesta semana com a apresentação da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, tem tido efeito limitado sobre a economia.
Três cenários poderiam arrebentar a economia e o emprego. Primeiro, uma paralisia total das reformas. Segundo, uma guinada populista do atual governo. Terceiro, a indicação de que tal guinada pudesse ocorrer com o governo que deverá assumir em 2019.
O primeiro cenário ainda parece improvável, apesar da baixa popularidade do Governo Temer acentuada pela campanha de grupos poderosos da mídia e do corporativismo. O segundo está fora do roteiro do Governo Temer que encontrou na agenda reformista sua razão de existir.
O terceiro cenário tem uma probabilidade difícil de estimar por enquanto. O Datafolha acaba de indicar Lula como favorito nas pesquisas, mas ninguém se arrisca neste momento a dizer que será e quem poderá ser candidato em 2018. E menos ainda projetar quais serão as plataformas de campanha para 2018.
Mesmo quando a crise política atingiu seu ápice em meados de maio, após a divulgação do áudio do diálogo do presidente Temer com o empresário Joesley Batista, a repercussão negativa sobre a economia teve curta duração. A vida econômica parece blindada em relação à política.
Em contraste com o período do impeachment de Dilma, o emprego está dando sinais de melhora e o poder de compra do salário parou de cair com a forte desaceleração da inflação. Os preços nos supermercados estão menos salgados. É pouco, mas faz diferença para a maioria das famílias.
Hoje a projeção do mercado para o crescimento do PIB neste ano está em 0,39%. É muito pouco perto do potencial da economia brasileira, mas parece razoável para um país que caiu 3,8% em 2015 e 3,6% no ano passado. A expectativa para 2018 é de uma alta em torno de 2%. Um novo período de grande incerteza pode comprometer esta frágil recuperação.
Depois da explosão do desemprego no período de 2015/16, quando o exército de desempregados saltou de 6,5 milhões para 14 milhões, os dados do Ministério do Trabalho começam a sinalizar uma melhora. Em maio foram criadas 34,2 mil vagas de emprego com carteira assinada, segundo mês consecutivo com saldo positivo. A expectativa é que os dados que saem na próxima sexta mostrem uma queda da taxa de desemprego de 13,6% para 13,5%. Ainda é muito alta, mas ao menos parou de crescer.
Quando o time está na zona da degola, surge todo tipo de corneteiro e a solução mais fácil é trocar o técnico. Raramente resolve. A prioridade neste momento deve ser a de proteger a modesta recuperação do emprego e da economia.
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