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Blog do Gesner Oliveira

Por que não acabar com o recesso parlamentar?

Gesner Oliveira

15/07/2017 04h00

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou parecer recomendando a rejeição da denúncia contra o Presidente Temer por 40 votos a 25. A votação em Plenário ficou marcada para 2 de agosto.

A data escolhida e a demora no processo se deve ao recesso parlamentar que se inicia dia 18 de julho, terça feira. Pareceria razoável não adiar uma decisão importante como esta. Mas preferiu-se respeitar o período de recesso parlamentar.

A decisão é reveladora da falta de consciência da classe política sobre a gravidade da crise. Diante de um quadro político tão difícil como o atual, a última coisa que se deseja é prolongar o período de incerteza. Embora o Brasil esteja voltando a crescer, falta a parte mais difícil: recuperar o investimento.

Está certo que os indicadores econômicos de curto prazo têm melhorado a despeito de toda confusão política. Mas o investimento produtivo não retoma sem um mínimo de horizonte.

Assim, quanto mais se prolonga o período de análise da denúncia contra o presidente Temer, pioram as expectativas. E a disposição de investir no longo prazo diminui.

Mesmo fazendo todo o dever de casa do ajuste – isto é, continuando as reformas e especialmente a da Previdência – o déficit nas contas públicas só será eliminado em 2021! Isso mostra a gravidade da situação. Não é hora de tirar férias.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central, apresentou recuo de 0,51% em maio relativamente a abril. O fraco desempenho é reforçado pelas vendas no varejo que apresentaram queda de 0,1% em maio.

Enquanto os parlamentares gozam férias, muitas decisões de consumo e investimento são adiadas. Por que não suspender o recesso diante de uma situação tão dramática com 14 milhões de desempregados? Aliás, por que não usar melhor os escassos recursos da sociedade e terminar com o recesso parlamentar?

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira