Uma esperança de mais emprego e menos inflação
Em meio à tempestade política, uma esperança para os brasileiros. Duas boas notícias dos dados divulgados sobre o mês de julho: a inflação bem comportada e o emprego dando sinal de vida.
Os economistas inventaram um índice para descrever o que há de pior na sensação da macroeconomia: inflação e desemprego. A esta soma deram o nome sugestivo de "índice de miséria", que saiu de 20,7% em setembro do ano passado para 15,5% no último mês. Sinal de que o país vai aos poucos saindo da pior crise da sua história.
Os preços em queda estão começando a afetar o bolso das pessoas. Com o resultado de 0,24% do IPCA para o mês de julho, o índice chegou a 2,71% na variação em 12 meses, contra 8,74% em julho de 2016. Trata-se do menor nível desde 1999 e abaixo do limite inferior da meta de inflação deste ano, de 3%.
Nem mesmo pressões pontuais sobre itens sensíveis atrapalharam. O governo encaixou a alta dos impostos sobre combustíveis sem comprometer a inflação. Houve alta de 6% nas tarifas de energia elétrica, que passaram para a bandeira amarela, e reajustes nas tarifas de cidades como São Paulo e Curitiba, cidades importantes para o índice geral. A inflação de julho também já refletiu os primeiros efeitos da elevação dos impostos sobre os combustíveis, de 1,06% da gasolina e 0,73% do etanol. Além disso, outros itens como tarifa do ônibus interestadual (+2,15%) e planos de saúde (+1,06%) também tiveram altas.
Mas os chamados itens livres, que respondem aos movimentos do mercado e representam cerca de 75% do IPCA, registraram deflação pelo terceiro mês consecutivo. A queda de 0,09% em julho foi puxada principalmente pelos alimentos, como batata-inglesa (-22,7%), feijão carioca (-5,4%), leite longa vida (-3,2%) e carnes (-1,1%).
Para se ter uma ideia, em agosto do ano passado a variação em 12 meses do grupo de alimentos atingiu o pico de 16,7%. Hoje está em deflação, de -3,1%. Uma virada de jogo explicada pela boa safra agrícola. Bom para o bolso do consumidor, especialmente o mais pobre, para quem o gasto com alimentação pesa mais no orçamento.
Outros itens livres também contribuíram para o resultado de julho. O grupo de vestuário recuou 0,42% em julho, e artigos de residência, que contempla itens como móveis e utensílios, e eletrodomésticos, recuou 0,23%, a quinta queda consecutiva. Com isso o IPCA acumulado do ano está em 1,43%, bem abaixo dos 4,96% registrados em igual período do ano passado.
Inflação em queda significa mais poder de compra para os consumidores, especialmente os de camadas mais vulneráveis da população. O pior dos impostos, o chamado imposto inflacionário, diminuiu e deve permanecer assim até o final do ano.
A outra boa notícia veio do mercado de trabalho. Os números do Caged sobre trabalhadores CLT mostraram que houve geração líquida positiva de postos de trabalho em julho, de 35,9 mil vagas. Foi o quarto mês consecutivo de resultado positivo. Dos oito setores analisados, cinco registraram criação líquida, com destaque para indústria (+12,6 mil), comércio (+10,1 mil) e serviços (+7,7 mil). Embora a construção civil tenha criado apenas 724 vagas no mês, foi o primeiro dado positivo depois de 33 meses seguidos de destruição de vagas. Chegou ao fim os quase três anos de perda de emprego neste setor!
Dá para celebrar a queda do índice de miséria. Ainda há um longo caminho a ser percorrido para chegar à prosperidade. Mas pelo menos a política econômica está na direção correta.
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