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Blog do Gesner Oliveira

Decisão do Copom deverá deixar caderneta de poupança ainda menos atraente

Gesner Oliveira

04/09/2017 15h48

A aplicação em caderneta de poupança deve ficar menos atraente com a provável queda nesta semana, de mais um ponto da taxa básica de juros, a chamada Selic.

O rendimento da poupança nos últimos 12 meses (até agosto) ficou em 8,81%, seu melhor desempenho desde 2006. Descontada a inflação do período, o ganho real foi de 5,4%. Ou seja, ainda perde no acumulado do ano para investimentos como a renda fixa e a bolsa de valores (20,7% até agosto).

A redução dos juros a 8,25% ao ano fará com que o rendimento da aplicação atinja apenas 70% desse valor. Esta é a regra da poupança: quando a Selic cai abaixo de 8,5%, a poupança passa a remunerar 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Como na reunião do Copom desta semana, a Selic deve cair para 8,25%, a poupança terá uma rentabilidade anual em torno de 5,77% mais a TR.

Portanto, como aplicação financeira, a poupança não é o produto com melhor rentabilidade. Mesmo assim continua popular e ainda não tem incidência de imposto de renda, possuindo liquidez imediata. No tocante ao risco, as garantias da caderneta são relativas à instituição na qual o depósito foi feito. O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) garante a recuperação dos recursos até R$ 250.000 reais, em caso de falência da instituição bancária. Em contraste, quando você compra um título público, as garantias são do governo federal.

Em economia o cobertor é sempre curto. Só é possível maior retorno com mais risco. Em uma conjuntura de redução de juros, o investidor terá que correr um pouco mais de risco se quiser obter melhores rendimentos. A caderneta de poupança não faz parte dessa estratégia.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira