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Blog do Gesner Oliveira

Luz e gás livram Banco Central de se explicar ao Congresso

Gesner Oliveira

20/10/2017 14h43

Poucos sabem mas cabe ao presidente do Banco Central divulgar carta aberta com as razões e providências a serem tomadas caso não tenha cumprido a meta de inflação, de 4,5% para 2017, podendo variar entre 3% e 6%.

Com a taxa de inflação acumulada até setembro em 1,78%, existe a chance de no final do ano o BC ter que se explicar porque a inflação fechou 2017 abaixo de 3%.  Mas a necessidade da carta do presidente do Banco Central ainda é pouco provável graças às contas de luz e gás.

A conta de luz do brasileiro é dividida em três cores de bandeira. Quando a bandeira é verde significa que as condições para geração de energia estão favoráveis. Não há nenhum acréscimo nas tarifas. Quando é amarela, como foi o caso do mês de setembro, as condições são menos favoráveis e a tarifa sofre acréscimo e a sua conta de luz fica mais cara. Na bandeira vermelha a situação é mais complicada e o acréscimo é maior ainda.

A bandeira tarifária das contas de energia para este mês de outubro será vermelha. A pouca chuva e baixo nível nos reservatórios vão gerar acréscimo de R$ 1,50 cada quilowatt-hora (kWh) consumido, encarecendo a conta de luz do brasileiro.

Como isso impacta a inflação? Dos 373 itens individuais que entram no cálculo do IPCA (índice oficial de inflação), a tarifa de energia elétrica é o que possui o sexto maior peso, de 3,74% do total do índice. Este ano, a energia elétrica deve subir 3%.

Outro fator é a conta de gás. Hoje foi divulgado o IPCA-15 para o mês de outubro, conhecido como a prévia da inflação. O Gás de botijão teve o maior impacto individual no IPCA-com alta de 5,72%. Juntamente com a energia elétrica, o gás deve contribuir para um aumento da inflação.

A expectativa é que a inflação volte a crescer um pouco daqui para frente e feche o ano em 3%, limite inferior da meta. Ao que parece, São Pedro não tem ajudado no bolso do brasileiro, mas deve evitar uma cartinha do Banco Central. Apesar de tudo não é o fim do mundo. Pior era antes, quando o comum era o BC se explicar porque a inflação estava fora de controle.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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