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Blog do Gesner Oliveira

Bitcoin: aproveite a onda, com moderação

Gesner Oliveira

30/11/2017 17h10

A disparada do preço das chamadas criptomoedas ou "moedas virtuais", como o bitcoin, tem chamado atenção em várias partes do mundo. Quando foi lançado em 2009, a moeda valia alguns centavos de dólar. Hoje passa da casa dos US$ 10 mil. Mas como qualquer investimento financeiro, os elevados retornos implicam elevados riscos.

Estima-se que existam atualmente mais de mil moedas virtuais. São totalmente digitais, com controle de quantidade dado por algoritmos matemáticos complexos. Não há nenhum tipo de regulamentação por parte de autoridades monetárias nacionais, como os bancos centrais dos EUA e da União Europeia ou o nosso Banco Central.

O bitcoin ficou famoso por ser a primeira dessas moedas a ser transacionada em todo o mundo. Apenas neste ano, a moeda valorizou cerca de 1.000%, muito mais do que qualquer outro investimento. Para se ter uma ideia, as ações da Magazine Luiza, que tem surpreendido o mercado em 2017, cresceram 345%. O índice Ibovespa, composto pelas ações mais transacionadas da bolsa, subiu cerca de 23% enquanto o ouro teve alta em torno de 12%.

A alta exponencial do bitcoin tem dividido opiniões. Há quem afirme que seja uma bolha financeira prestes a explodir. Em um mercado apenas de compradores, de pessoas físicas e pequenos investidores, com uma oferta limitada, há o risco de muita gente estar comprando meramente porque o preço está subindo.

Todo o processo de negociação da criptomoeda é registrado em um grande banco de dados, conhecido como "blockchain", que possui um monitoramento descentralizado por meio de milhares de computadores em diferentes regiões do planeta.

De fato, não há bons fundamentos para a forte valorização do bitcoin. O atual estágio do mercado não permite uma boa análise de sua real precificação e o que explica parte da alta é a expectativa de que grandes bancos, empresas, bolsas ou governos passem a utilizá-lo em suas transações. Em breve, a Bolsa de Chicago (CME) deve começar a oferecer contratos futuros da moeda.

Mas é preciso ter cuidado. Há pessoas mal-intencionadas se aproveitando da valorização da moeda para montar esquemas de pirâmide ou oferecer outras moedas que não existem. A recomendação é pesquisar muito antes de comprar. Sites como o coinmarketcap.com e o bitvalor.com trazem informações úteis sobre diferentes moedas e corretoras especializadas.

Como o bitcoin não possui relação com nenhum outro ativo tradicional, como o dólar ou os índices de bolsas, pode servir para diversificar riscos em uma cesta de aplicações. Como forma de investimento, o bitcoin pode ser uma alternativa. Aproveite a onda, com moderação.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira