Previdência: Argentina não é igual ao Brasil?
"Isso aqui não é o Brasil", gritavam manifestantes argentinos contra a reforma da previdência que acabou sendo aprovada nesta manhã por 128 votos a 116. Acreditavam que lá teriam força para barrar a reforma em contraste com o Brasil onde supostamente as propostas do governo passariam com facilidade.
Ironicamente, a reforma foi aprovada na Argentina e barrada pelas mais discretas, mas não menos poderosas corporações brasileiras. Ou pelo menos adiada até depois do Carnaval. Isso é Brasil.
Apesar da vitória no Congresso, como em qualquer país, a reforma deu e aindadará margem a muita polêmica. Não se conhece país em que tal tipo de mudança seja simples e unânime.
Uma das mudanças é em relação à idade mínima. O texto proposto estabelece a aposentadoria voluntária aos 70 anos. Atualmente, os homens se aposentam com 65 e as mulheres com 60. Outra mudança é em relação à correção monetária. A reforma indexa o reajuste das aposentadorias à inflação e não mais à arrecadação. Esta mudança permite ao governo continuar reduzindo o déficit fiscal, já que quando a arrecadação subir as aposentadorias não subirão com o mesmo ritmo.
O projeto de reforma da Previdência prevê uma economia de US$ 5,7 bilhões nos pagamentos do sistema previdenciário em 2018. A reforma é crucial para o governo, que pretende reduzir o déficit fiscal calculado em 5% do PIB.
A vitória na Câmara é positiva para o governo de Maurício Macri, a segunda em 2017. Em outubro deste ano, sua coalizão "Cambiemos" ganhou as eleições legislativas de meio mandato, com vitórias nas cinco maiores províncias do país. Com o término da administração Macri, será a primeira vez em setenta anos que um presidente não peronista terminará o mandato. A última vez foi com o Arturo Frondisi que governou no período 1958-62.
A agenda de reformas está apenas começando na Argentina. Depois da previdência, estão na pauta a nova lei de mercado de capitais, a tributária e da defesa da concorrência, entre outras reformas
Em contraste com o futebol, não há conflito de interesses em matéria de economia entre Brasil e Argentina. Salvo confrontos comerciais normais, a interdependência é clara. A retomada argentina tem sido fundamental para a recuperação da economia brasileira. Isso é Mercosul.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.