Reprimir o malfeito, mas evitar novo alarmismo com a carne fraca
As revelações da nova operação da Polícia Federal (Operação Trapaça) podem causar estrago em importante segmento do agronegócio e, consequentemente, repercutir sobre a economia. Para minimizar o prejuízo, será necessário máximo rigor nas operações com a devida cautela para não cair no alarmismo.
Na primeira Operação Carne Fraca, tais cuidados não foram tomados e os prejuízos para o setor e para o país foram muito maiores do que o necessário.
A operação da Polícia Federal revelou até agora a possibilidade de fraude. Cinco laboratórios, sendo 3 credenciados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e 2 do setor de análises da BRF, fraudavam resultados de exames. Dados fictícios teriam sido informados em laudos entregues ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA) a fim de impedir que o Mapa fiscalizasse a qualidade do processo industrial da BRF.
Independentemente dos detalhes e do mérito da investigação, tal fato deverá gerar ruído na economia. Aliás, já gerou: As ações da BRF caíram 18,61% até as 14h30 desta tarde na bolsa. Tal queda afetará o comportamento do mercado hoje e nos próximos pregões.
O efeito externo será ainda mais importante. É esperável que os países importadores de itens da BRF sob investigação tomem providências restritivas imediatamente.
Mas o problema não para aí. Outros países vão aproveitar a oportunidade para fazer sua boquinha. Quase nunca há muito fundamento técnico, mas no jogo bruto do comércio internacional, uma notícia deste tipo é pretexto para toda sorte de restrições e barreiras fitossanitárias.
Diante da crise, governo e empresa não podem vacilar. É preciso pró-atividade e transparência para minimizar o prejuízo.
O Mapa, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, deve acelerar ao máximo os esclarecimentos necessários junto aos parceiros comerciais, procurando limitar o problema a lotes específicos de exportação, minimizando eventuais prejuízos para o país.
No tocante à Bolsa, é fundamental ter a máxima transparência com os acionistas e com o mercado em geral. Não adianta enrolar. O melhor é cortar o mal pela raiz e adotar rapidamente as providências para afastar e punir os responsáveis, independentemente do inquérito policial. O tempo econômico é muito mais implacável do que o tempo judicial.
O agronegócio tem sido um dos pilares da recuperação. O segmento de carne é fundamental para o agronegócio e para as exportações. Setores público e privado precisam ser rápidos e incisivos para não deixar que mais uma crise da carne fraca atrapalhe um dos setores mais sólidos e inovadores da economia brasileira.
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