O arroz com feijão da economia pós-Meirelles
O Governo Temer mostrou enorme capacidade de virar o jogo em uma economia que estava em frangalhos. Mas depois de jogar a toalha com a reforma da previdência, mudou o foco e decidiu administrar o resultado. O foco mudou da aprovação das medidas essenciais para o processo eleitoral, culminando com o lançamento das candidaturas Teme e Meirelles.
Os profissionais cogitados para substituir Meirelles no Ministério da Fazenda são excelentes, mas o script do governo é outro. Acabou o apetite reformista. É uma nova versão do arroz com feijão na economia.
Os avanços obtidos na economia são indiscutíveis. Reduziu-se a taxa de inflação de dois dígitos para algo inferior a 3%. Em 17 meses, o Copom cortou a taxa Selic em pouco mais da metade, com redução de 7,75 pontos percentuais. A queda da inflação abriu espaço para a redução dos juros, essencial para a continuidade da recuperação.
Após dois anos, o comércio voltou a crescer e fechou 2017 em alta de 2%. A produção industrial avançou 2,5% em 2017, a primeira alta após três anos e o melhor resultado anual desde 2010. Índices de confiança de diversos segmentos melhoraram. As empresas reduziram estoques não planejados e ociosidade e desemprego são elevados mas declinantes.
A economia cresceu 1% em 2017. Pouco para recuperar o tombo de 8,2% do segundo trimestre de 2014 ao último de 2016, mas a sensação já é de mais fôlego. A arrecadação voltou a subir para auxiliar no déficit fiscal, tornando menos penoso o ajuste das contas públicas, este ainda pendente.
Depois de abrir vantagem no campo da economia, optou-se por segurar o resultado até o final do governo. Essa deve ser a prioridade até dezembro deste ano. Valorizar a posse de bola e tocar de lado. As quinze medidas anunciadas como prioridades estão esquecidas.
E o programa está incompleto. Sem uma ampla reforma na Previdência, a dívida pública continuará crescendo como proporção do PIB, o que aponta para alta de juros no médio prazo e compromete a retomada a partir de 2019.
Tampouco há crescimento sustentado sem investimento. A formação de capital caiu 1,8% em 2017. Inatacados, gargalos de infraestrutura, como eletricidade, logística e saneamento continuam representando lacunas e obstáculos à decolagem do país. A esperança foi o sinal de vida do investimento a partir do terceiro trimestre de 2017.
Os indicadores de curto prazo estão razoáveis, mas o jogo não está ganho. Em época de mata-mata nos campeonatos estaduais, é fácil entender que uma vantagem magra no jogo de ida não quer dizer grande coisa. Em um cenário internacional incerto e uma situação fiscal crítica, a desatenção com a política econômica pode deixar escapar a recuperação para mais um voo de galinha.
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