Cuidado ao surfar a onda do mercado pós-decisão do STF
A tendência de alta na Bolsa de Valores será retomada com a decisão do Supremo de ontem de negar habeas corpus preventivo ao ex-presidente Lula. Mas pense bem antes de decidir surfar nessa onda. Persistem as incertezas e, consequentemente, o sobe e desce no mercado. Para quem não gosta de montanha-russa é melhor jogar na defesa.
A decisão do Supremo gerou uma reação positiva no mercado em curtíssimo prazo. Lula é visto como antirreforma, representando força política que dificultaria o ajuste da economia. Mas a questão não é simples.
Onde residem as dúvidas? Em primeiro lugar, o sistema legal brasileiro é pródigo em recursos e a defesa de Lula não vai deixar de usá-los. Haverá os embargos dos embargos dos embargos.
Em segundo lugar, há a tensão decorrente do acirramento do debate político. Quer terminar com um almoço de família? Emita uma opinião forte sobre algum tema político. Nesse contexto, a novela do habeas corpus terminou, mas a polêmica continua. A atual conjuntura é marcada por elevado grau de polarização, de intensidade poucas vezes verificada na história brasileira. Isso afeta negativamente o ambiente de negócios.
Em terceiro lugar, é razoável supor que Lula não poderá ser candidato. Mas sua elegibilidade ainda não foi testada na prática.
Em quarto lugar, mesmo inelegível e preso, nada garante que o ex-presidente não possa transferir sua força eleitoral para candidatos que sejam contrários às reformas econômicas.
Por fim, ainda há o cenário externo que tem sido favorável, mas está repleto de armadilhas. A mais recente e grave é a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Isso tem afetado negativamente o preço de ações e commodities a nível internacional.
O contencioso comercial entre as duas maiores economias do mundo inibe a expansão do comércio mundial e consequentemente o potencial de crescimento de todos os países, especialmente os emergentes. Isso diminui a chance de transformar a atual recuperação da economia em crescimento sustentado.
Portanto, o cenário continua incerto. Não houve e nem haverá dia D ou Dia do Juízo Final. Não se iluda com ganhos excepcionais no curto prazo. Podem representar apenas isso: algo excepcional. Para a maioria dos investidores sem tanto apetite a risco, é melhor limitar o percentual de ativos de risco e seguir uma estratégia mais conservadora adequada a um ano com muita emoção.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.