Dólar caro pode conviver com inflação baixa
A inflação oficial do país, medida pelo IPCA, ficou em 0,22% em abril, abaixo da expectativa do mercado (0,28%). Isso apesar da forte subida recente do dólar associada às tensões da saída dos EUA do acordo com o Irã, do conflito comercial EUA e China e a perspectiva de alta da taxa de juros americana.
No ano, a taxa acumulada está em 0,92%, a mais baixa para os primeiros quatro meses de um ano desde a criação do Plano Real em 1994. Foi uma surpresa positiva que reforça a expectativa de mais uma redução da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 16 de maio.
Em 2018, a cotação do dólar já aumentou cerca de 8%. E o aumento do preço do petróleo interfere diretamente no preço da gasolina. Desde julho de 2017, quando a Petrobras colocou em prática a atual política de reajustes de combustíveis, a gasolina subiu 38,4%. O preço dos combustíveis no Brasil passou a acompanhar o mercado internacional. Enquanto durar a pressão sobre o preço do petróleo, o bolso do consumidor vai sentir.
Além da gasolina, o gás de cozinha também tende a subir de preço. Os dois itens representam 5,8% do IPCA. Por sua vez, o aumento do preço do diesel que subiu 46% desde julho de 2017, faz com que haja uma elevação do custo de transporte, encarecendo a circulação das mercadorias e o transporte urbano.
Apesar de tudo, o choque do preço do petróleo está sendo absorvido pela economia. Mesmo com o cenário externo pressionando o preço do combustível, a previsão para a inflação em dezembro segue em 3,49%.
A inflação dos últimos doze meses está em 2,76%, nível bem inferior ao piso da meta do Banco Central, de 3%. Isso abre espaço para o Banco Central seguir com os planos de cortar mais uma vez os juros básicos, atualmente em 6,5% ao ano. Com a inflação baixa, a expectativa o mercado é de novo corte de 0,25 ponto percentual no encontro da próxima semana.
O choque do petróleo é temporário. No longo prazo, a era do petróleo acabou. Novas fontes de energia, o carro elétrico e autônomo e a nova concepção de cidade e mobilidade urbana decretaram o fim da era do petróleo. Se este cenário se confirmar e o Brasil não voltar para trás no ajuste da economia, preço alto do petróleo e inflação civilizada vão conviver pela primeira vez em mais de um século de história.
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