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Blog do Gesner Oliveira

A recuperação está lenta, quase parando

Gesner Oliveira

16/05/2018 11h19

A prévia do PIB, divulgada pelo Banco Central, confirmou que a atual recuperação continua modesta. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), caiu 0,74% em março relativamente ao mês anterior, confirmando aquilo que era esperado.

Relativamente a março do ano passado, houve uma queda de 0,66%. No primeiro trimestre de 2018, a economia encolheu 0,13% comparativamente aos últimos três meses do ano passado.

A incerteza é uma pedra no meio do caminho da recuperação. A insegurança em relação aos rumos da política econômica em um quadro eleitoral indefinido leva as empresas a adiar novos empreendimentos; e, o que é pior, a postergar a contratação de mão de obra.

Por sua vez, os consumidores sentem que a recuperação ainda não pegou para valer e adiam suas decisões de consumo. Mesmo os mais consumistas acabam resistindo a uma bela oferta na vitrine quando não têm certeza se a prestação caberá no seu orçamento daqui a um ano. Especialmente depois da aflição de não conseguir pagar as contas no final do mês e ter o gerente do banco ligando insistentemente para cobrar os débitos atrasados.

Dois fatores que ajudaram a impulsionar a atividade no ano passado estão ausentes em 2018. O primeiro foi a supersafra agrícola que aumentou a renda dos agricultores; o segundo foi a liberação das contas do FGTS, que deu estímulo adicional ao consumo.

A produção industrial ficou no zero a zero no primeiro trimestre relativamente ao último trimestre do ano passado. A perda de fôlego da indústria se deve, em grande parte, ao recuo na produção de bens intermediários, tanto na comparação com fevereiro (-0,7%) quanto no confronto com março de 2017 (-0,2%).

Os serviços recuaram 0,2% em março em relação ao mês anterior. Na comparação com março de 2017, também houve uma queda de 0,8% no setor.  No acumulado do ano, a atividade deste segmento caiu 1,5% e em 12 meses, a retração foi de 2%.

O crescimento do varejo de 6,5% relativamente a março de 2017 não foi suficiente para compensar o fraco desempenho da indústria e de serviços.

Os números decepcionantes da recuperação estão associados às incertezas externas e domésticas. Como o Brasil não pode mudar o rumo dos acontecimentos do planeta, resta focar na agenda de medidas econômicas que está parada no Congresso.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira