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Blog do Gesner Oliveira

Inadimplência tira o sono de 64 milhões

Gesner Oliveira

17/07/2018 16h54

O presidente Michel Temer assinou ontem um decreto que antecipa o pagamento de metade do valor do 13º salário dos aposentados e pensionistas. A decisão representará a injeção de R$ 21 bilhões na economia, segundo as estimativas do governo federal.

O alívio chega em boa hora.  O número de consumidores em atraso chega ao espantoso número de 64 milhões.

Este grupo de pessoas com dívidas, contas em atraso e registrados em cadastros de devedores acelerou em junho, ao crescer 4,07% na comparação com o mesmo período do ano anterior. É a nona alta consecutiva na série histórica do indicador apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

O maior crescimento no atraso de contas foi observado na população idosa (65 aos 84 anos), com alta de 10,76%. Houve queda da inadimplência entre a população mais jovem. Na faixa dos 18 aos 24 anos de idade, a queda foi de 23,31%, e na faixa dos 25 aos 29 anos, o recuo foi de 5,28%.

Com a antecipação de metade do 13º salário, a prioridade é pagar e negociar as dívidas. Primeiro, é preciso entender o tamanho dessa dívida, quanto ela custa por mês e se pode ser trocada por dívida mais barata. Considere igualmente a venda de um bem, como o carro, para abater o débito e fugir do pagamento de juros.

Negociada a dívida, possivelmente trocada por empréstimo mais barato, é necessário planejar a vida financeira para não cair mais no endividamento. Ninguém merece perder o sono dessa forma.

O caminho é o planejamento das finanças pessoais. Fácil escrever, difícil praticar. A receita é fazer o oposto do governo e especialmente do Congresso brasileiro na lamentável farra da votação da lei do orçamento para 2019. É preciso conter o gasto e ajustá-lo à previsão realista de receita.

O problema reside na dificuldade de fazer frente a contas de luz, plano de saúde, matrículas e material escolar em tempos de baixo crescimento e escassas oportunidades de trabalho. Em contraste com os governos, as famílias têm limites de endividamento. Não podem criar novos impostos nem emitir dinheiro.

Se a economia retomar o crescimento, a vida ficará um pouco mais fácil para as famílias acertarem suas contas. Mas para isso ocorrer, a sociedade precisa exigir de seus representantes  um ajuste profundo das contas do Estado.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

Gesner Oliveira