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Blog do Gesner Oliveira

Como o Brasil pode vencer a maratona do desenvolvimento

Gesner Oliveira

17/09/2018 16h23

O Brasil está na 79ª posição (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/09/14/brasil-fica-estagnado-no-ranking-do-idh-e-ocupa-79-colocacao-entre-189-paises.htm)   entre 189 países avaliados segundo o indicador de desenvolvimento humano (IDH), calculado pelas Nações Unidas (ONU).

Grandes economistas, como o prêmio Nobel Amartya Sen, quebraram a cabeça para criar um índice simples, que resumisse algo complexo como o desenvolvimento.

Chegaram à conclusão que, além da produção de bens e serviços por habitante, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, deveriam ser consideradas a expectativa de vida ao nascer e a escolaridade da população.

Mais recentemente, tem havido um esforço para incorporar outras dimensões, como a desigualdade de renda entre homens e mulheres.

No pelotão de elite da maratona do desenvolvimento está o grupo que a ONU denomina de "desenvolvimento muito alto". Noruega, Suíça e Austrália ocupam os três primeiros lugares. Os EUA estão em 13º. A Coreia do Sul,  na 22ª posição, tinha metade da renda por habitante do Brasil nos anos 1960; atualmente, tem mais do dobro da renda média brasileira!

Os vizinhos Chile e Argentina, com maior escolaridade e expectativa de vida do que o Brasil, ficam bem atrás (44ª e 47ª colocações, respectivamente), mas estão na elite e na nossa frente.

O Chile ascendeu a este grupo com políticas mais racionais. A Argentina perdeu a posição de um dos países mais ricos do mundo no início do século passado graças ao populismo de diferentes governos, de Perón a Cristina Kirchner.

O Brasil está no grupo de "desenvolvimento alto", na linguagem diplomática da ONU. Tem uma escolaridade média de 7,8 anos e uma expectativa de vida de 75,7 anos.

O leitor não deve se iludir com a expressão "desenvolvimento alto". Quando se considera a desigualdade de renda, o Brasil cai 17 posições na tabela. O índice ajustado para desigualdade de renda é 24% menor do que o IDH sem este ajuste. Nenhum país muito desenvolvido tem tamanha iniquidade.

Há também os países na zona de rebaixamento, o grupo de desenvolvimento baixo. A Guiné Equatorial está nesse grupo, na 167ª posição ( https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/09/16/pf-pega-us-16-milhoes-com-vice-presidente-de-guine-equatorial-em-viracopos.htm). A escolaridade média é de 5,5 anos e a expectativa de vida é de 57,9 anos, uma das mais baixas do planeta.

Em contraste, na mesma sexta-feira na qual a ONU divulgou os últimos dados de IDH, a bagagem do filho do ditador daquele país foi apreendida pela Polícia Federal com uma fortuna estimada em mais de US$ 16 milhões.

Ninguém deve se iludir que dá para dar um salto em pouco tempo – não caia em conversa fiada de promessa de candidato. Desenvolvimento é uma corrida de maratona, não de 100 metros rasos!

Uma coisa é certa: os líderes da corrida conseguiram se livrar dos ditadores, da corrupção e do populismo.

Sobre o autor

Gesner Oliveira é ex-presidente da Sabesp (2006-10), ex-presidente do Cade (1996-2000) e ex-secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda (1995) e ex-subsecretário de Política Econômica (1993-95). É doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), sócio da GO Associados, professor de economia da FGV-SP e coordenador do grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV. Foi eleito o economista do ano de 2016 pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Sobre o blog

Você entende o que está acontecendo agora na economia? E o impacto que a macroeconomia tem sobre sua vida? Quando o emprego voltará a crescer? Como a economia impacta sobre o meio ambiente? Vale a pena abrir uma franquia? Investir em ações da Petrobras? Este blog se propõe a responder a questões desse tipo de maneira didática, sem economês.

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