Governo Bolsonaro deveria começar hoje para terminar bem
A herança deixada pelo governo Temer do ponto de vista econômico é um copo meio cheio, meio vazio.
Do lado do copo meio cheio, a economia não está desgovernada, como era o caso, por exemplo, da herança deixada por Sarney para Collor. A equipe de transição que começa hoje terá ao menos algum tempo, não muito, para tomar pé da situação.
Apesar das enormes sequelas que a recessão deixou, especialmente o estoque de cerca de 13 milhões de desempregados, os indicadores recentes de emprego registram números melhores do que a média das expectativas. Em setembro houve saldo positivo de 137 mil postos de trabalho, quatro vezes mais que o mesmo mês de 2017. A geração de empregos formais chegou a 719 mil, 1,9% superior ao mesmo período de 2017.
A inflação está dentro da meta. As contas externas estão equilibradas e as reservas internacionais de quase US$ 400 bilhões dão munição para enfrentar os momentos de pressão sobre o dólar, como o que foi verificado no primeiro turno das eleições.
A economia completará dois anos de recuperação lenta apesar de duas denúncias contra o presidente da República, Michel Temer, em 2017 e a greve dos caminhoneiros em 2018. O investimento cresceu 3,7% no trimestre móvel encerrado em agosto, na comparação interanual. Houve aumento de 3,3% de máquinas e equipamentos e de 0,3% da construção, primeiros números positivos nesse segmento após 50 trimestres de taxas negativas.
Do lado do copo meio vazio, embora a economia não esteja desgovernada, o Estado está quebrado. O rombo fiscal está na casa dos R$ 140 bilhões, a esmagadora maioria dos estados está quebrada e 86% dos municípios se encontram em uma situação fiscal crítica.
A dívida como proporção do PIB ( Produto Interno Bruto) cresceu quase 20 pontos percentuais durante o período Dilma-Temer, superando 75% do PIB atualmente.
Enquanto isso, há uma legítima expectativa da população por melhora da segurança, saúde e educação, entre outros serviços essenciais. Mas não há dinheiro para nada.
A lua de mel com o novo governo será breve. Portanto, melhor usar bem o capital político derivado da vitória eleitoral e aprovar reformas necessárias ao ajuste fiscal o mais rapidamente possível.
Melhor ainda seria aproveitar ao máximo a própria equipe de transição para adiantar aquilo que for possível antes da virada do ano. A posse é em janeiro, mas o governo Bolsonaro precisa começar hoje para terminar bem.
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