Venezuela: bolivarianismo é a fase superior do populismo
A Venezuela ilustra de forma dramática o ciclo populista. A consultoria Oxford Economics projeta uma queda do PIB venezuelano de 6,6% para 2019. Desde 2013, a produção já encolheu 40%, e a taxa anual de inflação acelera rumo a dois milhões!
Os efeitos têm sido catastróficos para a população. Mais de três milhões de venezuelanos emigraram, retirando capital humano de um país que já foi um dos mais promissores da América Latina.
O desastre venezuelano resulta do intervencionismo econômico levado às últimas consequências pelas administrações Chavez e depois Maduro. Nenhum ciclo populista na América Latina foi tão intenso. E houve vários!
Chavez-Maduro aumentaram os gastos públicos sem controle, levando a um aumento exponencial do déficit, financiado de forma inflacionária. O governo interveio em praticamente todos os segmentos da economia, estabelecendo controles de preços para praticamente tudo.
Políticas dessa natureza sobrevivem enquanto os preços de exportação da principal commodity está alto. Quando o petróleo beirava US$ 100 o barril, foi possível bancar a festa, ainda que à custa de grande desabastecimento, queda do investimento, carestia e recessão. Quando o auge do ciclo de commodities terminou e o preço do petróleo caiu, ruiu o mundo da fantasia.
O impacto da crise venezuelana sobre a economia mundial é pequeno. Uma interrupção da produção no país já não seria significativa, como foi no passado. A produção de petróleo recuou drasticamente, passando de 2,5 milhões de barris por dia para uma média de 1,2 milhão de barris diários. Em 2013, a Venezuela produzia em média 3 milhões de barris por dia, contra estimativas de 950 mil barris por dia em 2019.
Os impactos comerciais da crise venezuelana sobre o Brasil também são limitados, mas há efeitos regionais importantes. Em 2012, no pico do intercâmbio bilateral, o Brasil exportou US$ 5 bilhões para a Venezuela. Em 2017 e 2018 foram apenas US$ 469,6 milhões e US$ 576,9 milhões, respectivamente, um retrocesso ao patamar dos anos 1990. Mas as consequências sobre os fluxos migratórios e de capital, bem como para a economia da Região Norte do Brasil são elevados.
Neste momento, é difícil desenhar os possíveis cenários para aquele país. Um longo e custoso ajuste será necessário para restabelecer a economia. A reestruturação produtiva sob um novo regime que, mais cedo ou mais tarde, substituirá a ditadura de Maduro, vai requerer grandes mudanças. Especialmente em um mundo de fontes renováveis de energia e tecnologias disruptivas.
Do drama venezuelano, fica a lição (mais uma), dos efeitos nefastos que o estatismo e a falta de democracia podem provocar.
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