Sociedades machistas estão condenadas ao atraso
No Dia Internacional da Mulher é importante refletir sobre os avanços, ou o atraso, da participação feminina na vida econômica. Não é preciso conhecer estatística para verificar a burrice que é não aproveitar todos os talentos e competências de uma sociedade para gerar conhecimento e riqueza.
Basta lembrar a história da cientista Marie Curie, a única ganhadora de dois prêmios Nobel (um em Física e outro em Química, nos anos 1903 e 1911, respectivamente) pesar do seu talento indiscutível, sua presença no laboratório com pesquisadores homens era temida devido a uma suposta desconcentração que ela poderia gerar nas mentes masculinas!
É útil olhar em retrospectiva tamanha estupidez de comportamento de pouco mais de um século atrás. Que isso sirva de alerta para a persistência, na atualidade, de inúmeros obstáculos à participação feminina no processo produtivo e de criação.
Basta olhar o mercado de trabalho no Brasil. Segundo estudo divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mesmo com uma leve queda na desigualdade salarial entre 2012 e 2018, as mulheres ainda ganham, em média, 20,5% menos do que os homens.
De um total de 93 milhões de ocupados, apenas 43,8% (40,8 milhões) são mulheres, enquanto 56,2% (52,1 milhões) são homens. Na população apta a trabalhar, a proporção é diferente: 89,4 milhões (52,4%) são mulheres, contra 81,1 milhões (47,6%) de homens.
Segundo a Consultoria SpencerStuart, a falta de diversidade é o maior desafio nos conselhos de administração das maiores empresas do Brasil. O estudo, que analisou 187 empresas listadas em Bolsa, mostrou que o país tem apenas dez mulheres presidentes de conselho. A participação feminina, de 9,4%, é equivalente a menos da metade da média de países maduros, de 24,1%.
Embora tenha havido algum avanço, ainda há muito a melhorar do ponto de vista da participação da mulher na vida econômica do país. Como a inovação é o principal motor do crescimento, as sociedades machistas estão abrindo mão de ferramenta essencial para a prosperidade. Quantas Marie Curie serão perdidas até o mercado de trabalho se tornar mais justo e igualitário?
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.