Bolsonaro, Trump e o custo do dinheiro
Houve decisões sobre a taxa básica de juros nesta semana no Brasil e nos EUA. Nos dois países, por razões diferentes, é possível reduzir o custo do dinheiro nos próximos meses.
No Brasil, o órgão que decide a taxa primária, a chamada Selic, é o Comitê de Política Monetária (Copom). Reunido nesta semana manteve, como esperado, a taxa Selic em 6,5%.
Se levasse em conta apenas o nível da atividade econômica e a inflação, já daria para o Copom reduzir os juros. A economia está devagar, com cerca de 25% de capacidade ociosa e 27 milhões de pessoas desocupadas, parcial ou totalmente. Por sua vez, as expectativas para a inflação estão abaixo da meta de inflação, não apenas para este ano, mas para os próximos 36 meses. Algo inédito no Brasil.
Ponto para Bolsonaro relativamente a Trump. O presidente brasileiro não dá pitaco sobre juros. Tampouco seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Pelo contrário, a hipótese é a de que o Banco Central, agora sob a gestão de Roberto Campos Neto, seja autônomo.
Em contraste, Trump vive criticando Powel, o presidente do Fed, o Banco Central dos EUA, dizendo que ele deveria reduzir os juros. Ninguém sério leva a sério este tipo de declaração do Trump. É jogo para a arquibancada, mas que gera ruído desnecessário.
De qualquer forma, tanto lá quanto aqui, há condições para reduzir os juros em 2019. Não porque Trump, ou quem quer que seja, queira, mas porque há condições técnicas para isso.
No caso brasileiro, a redução da taxa Selic pode ocorrer se o trâmite da reforma da Previdência andar o suficiente para consolidar as expectativas otimistas em relação à inflação, aos juros e ao câmbio.
Isso permitiria ao Banco Central reduzir os juros e ajudar na recuperação da renda e do emprego, sem risco de ser obrigado a dar um cavalo de pau na política monetária e elevar os juros novamente.
Chegou a hora de o Congresso deixar de dar desculpa esfarrapada para não assumir responsabilidade e votar logo a reforma da Previdência.
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