Brasília parece ter ouvido os apelos à razão
A semana que termina foi digna de montanha-russa. Não foram só as cotações de mercado, ações e dólar que variaram de forma alucinante. Os ânimos na política se acirraram, oscilaram entre amor e ódio e despertaram temores quanto ao futuro da reforma da Previdência e, junto, do governo do governo Bolsonaro.
O país voltou a namorar o abismo, mas parece ter se dado conta de que não vale a pena pular de volta no buraco de onde mal começamos a sair.
A boa notícia é que Brasília parece ter resolvido se reencontrar com o juízo e cuidar do que realmente importa: superar os entraves e deliberar sobre matérias cuja ameaça de não aprovação está turvando o horizonte da economia. São precondições para que os investimentos voltem a acontecer, o PIB cresça e os empregos voltem a ser gerados.
Desde a noite de quarta-feira – e após flertar com raias próximas à inconsequência ao longo das últimas duas semanas, que incluíram bate-bocas em série, uma acachapante derrota imposta pela Câmara ao governo Bolsonaro na sessão de terça-feira e até uma ameaça de debandada do ministro Paulo Guedes – os espíritos parecem ter começado a serenar.
Mais que palavras, Planalto e Congresso fizeram gestos concretos para se entender e retomar a agenda de votação da reforma da Previdência. É o que importa. Na quinta-feira, a discórdia disseminada por meio de declarações, entrevistas e postagens em redes sociais pelos presidentes da República e da Câmara dos Deputados deu lugar ao saudável e indispensável diálogo entre Executivo e Legislativo.
Guedes assumiu o protagonismo da negociação pela reforma por parte do governo e Rodrigo Maia prometeu ajudar. Por fim, a reforma ganhou relator na Comissão de Constituição e Justiça: o deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), ex-delegado da Polícia Federal. Também na quinta-feira, Maia se acertou com o ministro Sergio Moro para fazer avançar o pacote de leis de combate ao crime.
Tais episódios servem para iluminar a mesma realidade: não existe matéria legislativa, muito menos reforma constitucional, que avance sem negociação, sem diálogo, sem articulação que parta do Palácio do Planalto e envolva o Parlamento. Isso é parte do salutar jogo democrático e republicano – ao contrário do que parte da militância mais aguerrida do bolsonarismo apregoa nas redes sociais, colaborando para intoxicar e não para oxigenar o debate.
Nos últimos dias, quem realmente se preocupa com o país deixou de lado a discrição que vinha mantendo e passou a cobrar publicamente, tanto do governo, quanto do Congresso que deixem questiúnculas de lado e se dediquem a fazer a reforma da Previdência avançar. Em coro com formadores de opinião, empresários e lideranças fizeram seu apelo à razão.
É só Brasília fazer a sua parte que a economia começa a rodar. E os mercados voltam aos patamares prévios às chuvas de verão.
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